Pode parecer uma pergunta um tanto óbvia. Se você perguntar a alguém se gosta de dinheiro, acredito que 99,99999999% das pessoas dirão que sim. E se as questionarmos uma segunda vez sobre o que fariam se o tivessem em abundância, arrisco-me dizer que a maior parte deles o destinaria para comprar um imóvel espaçoso, um carro confortável e viajar para seus destinos mais sonhados. Esses desejos podem variar um pouco além desses, mas eles terão uma característica muito comum: gastar como se esse recurso tivesse se tornado infinito. Sei bem como esse pensamento domina nossas mentes. Aliás, por décadas, fui contaminado por eles. De familiares a amigos, passando pelos mais variados meios de comunicação, essa é a ideia que, diuturnamente, me dominava e que governa a esmagadora maioria quando o assunto é dinheiro.

Logo na capa de seu best-seller, “Os Segredos da Mente Milionária”, T. Harv Eker faz a seguinte citação:

“A maioria das pessoas associa dinheiro a prazer imediato. Para mim, ele deve ser acumulado para proporcionar liberdade.”

Essa afirmação de Eker tem uma base mental bem justificável, pois objetos e experiências possuem um forte arcabouço: são palpáveis ou vivenciáveis, enquanto a ideia de liberdade é abstrata, e elementos abstratos são difíceis de concebermos em nossa mente.

A questão não é escolhermos um em detrimento do outro, mas associarmos ambas as características para que o dinheiro possa exercer seu papel em nossas vidas. E que papel é esse? Para isso, tomo por base uma teoria relativamente antiga, mas ainda hoje bastante utilizada.

A Hierarquia das Necessidades Humanas

Mais conhecida como a Pirâmide de Maslow, essa hierarquia foi concebida pelo famoso psicólogo Abraham Maslow, na metade do século passado. Apesar de ter recebido algumas críticas e adaptações ao longo do tempo, ela ainda se mantem como uma importante referência na compreensão da evolução do homem durante sua vida.

Sem detalhar demasiadamente seus aspectos, que podem ser mais bem compreendidos na referência citada ao final do artigo, as duas primeiras camadas – necessidades fisiológicas e de segurança – são as que mais exigem o uso do dinheiro para que sejam satisfeitas. Ainda que algumas delas não precisem ser efetivamente remuneradas, como respirar e dormir, no mundo moderno será praticamente impossível comer, beber, conseguir abrigo e se proteger, por exemplo, de forma gratuita por toda a existência.

Essas necessidades estão diretamente relacionadas à nossa sobrevivência, e quando ela é colocada em risco, nosso cérebro automaticamente direciona nossa atenção para que todos os recursos disponíveis sejam empregados na solução, ainda que temporária, dessa situação. Assim, nesses dois primeiros estágios, o dinheiro terá um papel fundamental no nosso desenvolvimento.

Entretanto, conforme as necessidades sejam satisfeitas, a influência do dinheiro começa a diminuir paulatinamente, apesar de sempre representar um importante alicerce no nosso desenvolvimento. A partir daí, será exigido que habilidades internas de relacionamento, competência e autoconhecimento sejam aprimoradas para que o ser humano alcance sua autorrealização. Isso significa dizer que o dinheiro, apesar de algumas pessoas não possuírem, ainda, essa compreensão, exerce um papel importante, mas limitado, na nossa evolução.

Não podemos solucionar um desafio sem o instrumento adequado para resolvê-lo. E o dinheiro possui restrições quanto às respostas que desejamos para esses desafios. A ausência de compreensão desse cenário tem causado um fenômeno citado por Randy Alcorn, seu livro “Money, Possesion and Eternity”, como Afluenza, uma doença que afeta alguns dos ricos e seus filhos. Essas pessoas buscam felicidade, consolo e realização consumindo coisas. Ao tentar fazer com que tais coisas façam algo para as quais não foram criadas, elas ficam vazias e acabam na depressão, às vezes chegando ao limite extremo do suicídio.

Para que não cheguemos a esse ponto limítrofe e façamos do dinheiro um elemento de construção da verdadeira prosperidade, dois conceitos precisam ser explicitados.

Sentido e Objetivo

Dinheiro é apenas papel (ou números no seu extrato bancário). O que faz com que ele tenha se tornado um objeto de tão intenso desejo é o seu poder de transformar sonhos materiais em realidade. Todavia, sonhos materiais representam objetivos, como citei anteriormente. A concentração na realização desses objetivos, pura e simplesmente, pode nos conduzir a um estado de vazio existencial, como diz Viktor Frankl ao elaborar a sua abordagem psicoterapêutica conhecida como Logoterapia. A base fundamental da Logoterapia está na ideia de que a busca de significado é uma das principais motivações humanas.

Esse enfoque é perfeitamente aplicável ao uso do dinheiro em nossas vidas. Precisamos dar um sentido a ele. Não basta querer comprar uma casa; essa casa precisa ter um significado em nossas vidas. E o mesmo raciocínio é válido para os demais objetivos. Neste exemplo, podemos idealizar um apartamento em frente à praia como objetivo, mas seu sentido pode residir na segurança do
abrigo e contemplação da natureza como alimento à sua paz de espírito. O sentido é a direção, enquanto o objetivo é o destino; o primeiro é abstrato, mas perene; o segundo real, mas temporário. Esses são elementos condizentes com os valores que possui, e seus valores representam o que é verdadeiramente importante para você.

O alinhamento entre sentido e objetivo se faz necessário para que encontremos significado ao que fazemos em convergência com quem realmente somos e o que realmente queremos. Mas há alguns obstáculos nessa jornada e eles são representados, principalmente, pelas influências externas.

Desde que nascemos, sofremos influências das mais variadas fontes, como nosso ambiente, constituído pelos lugares e pessoas mais próximas com as quais fomos criados, e nossa escola, com nossos professores e colegas de turma. Nos tempos modernos, outros dois importantes elementos se somaram às influências externas que recebemos: a mídia e o universo digital.

Enquanto os dois primeiros podem ser fortalecedores na formação do nosso caráter a depender da qualidade desses fatores, os últimos têm se mostrado mais como impositores de poder que fomentadores de esclarecimento. Obviamente que podemos encontrar programações e conteúdo de valor nesses meios. Entretanto, considerando um cenário mais amplo, esse processo tem conduzido os indivíduos a uma verdadeira perda de sentido em suas vidas e no estabelecimento de objetivos alheios às suas vidas, sem qualquer conexão com as próprias personalidades.

Portanto, o reconhecimento do poder que o dinheiro pode exercer na construção da sua autorrealização, em consonância com a Pirâmide de Maslow, passará pelo crivo de um dos pensamentos mais difundidos por Sócrates, o Pai da Filosofia:

Conhece-te a ti mesmo.

A Busca Pelo Propósito

Um pouco antes de falecer, Maslow confessou reconhecer um estágio superior ao da autorrealização: a autotranscendência. Isso significa dizer que qualquer ser humano, ainda que não tenha uma clara consciência disso, deseja, em último estágio, ser parte de algo maior que ele mesmo e deixar sua contribuição para outras gerações. Resumindo, cumprir seu propósito de vida.

Mas o passo inicial desse caminho está em conhecer-se, identificando as habilidades e talentos que o caracterizam, e que, por pressão das influências externas, muitas vezes são soterradas em nosso espírito. Isso é a morte da alma e a origem do vácuo existencial que domina boa parte das pessoas. Mas o que isso tem a ver com o dinheiro? Tudo!

Conhecer-se para desenvolver suas principais habilidades na direção do cumprimento do seu propósito de vida significa direcionar seus recursos ao cumprimento dessa missão, entre eles, o dinheiro. Em outras palavras, conhecer-se é saber o que quer. E, nas palavras do autor do livro “Manual de Programação Neurolinguística”, Joseph O’Connor, “quando não sabemos o que queremos, há muitas pessoas que terão enorme prazer em nos pôr a trabalhar para alcançar os resultados delas”.

Além disso, concentrar seus recursos para o que você quer gerará uma outra consequência positiva: a minimização das influências externas. Com isso, o impacto que outras pessoas ou meios poderiam exercer para desviar-lhe do caminho terão pouco ou nenhum resultado na sua jornada. Esse comportamento não significa dizer que seja necessário afastar-se das pessoas, mas sim aproximar-se daquelas que incentivem a sua permanência na estrada do seu propósito.

Em sua obra “Propósito”, Sri Prem Baba faz a seguinte citação: “…somos seres espirituais vivendo uma experiência material…”. Sob tal ponto de vista, o que orienta a administração dos recursos que nos são colocados à disposição e aqueles que geramos durante nossa existência não é a satisfação dos desejos pueris criados pela exacerbação do nosso ego, mas sim o nosso propósito, com o intuito de cumprirmos nossa missão neste planeta. E, para isso, você terá que conhecer-se e realizar a principal negociação da sua vida: o acordo entre quem você é agora e quem quer ser no futuro.

Wagner Mello é Coronel-Aviador da Força Aérea Brasileira, com MBA em Gestão de Processos pela UFF e Broker Global, pelo IBMEC. Também realizou a formação em Independência Financeira, Coach Integral Sistêmico e Master Coach pela FEBRACIS.
É autor dos livros “365 Dicas Financeiras” (https://marketplace.agencia07.com.br/product/pre-venda-365-dicas-financeiras/) e “A
Doutrina Financeira” (https://doutrinadorfinanceiro.com.br/adoutrinafinanceira/).

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