A influência do ego na vida profissional

influência do ego na vida profissional

A influência do ego na vida profissional pode ser sentida ao limitar oportunidades e prejudicar as relações interpessoais.

O EGO, quando exacerbado, pode ser um obstáculo tanto para o sucesso profissional quanto para a construção de relacionamentos saudáveis. A necessidade constante de reconhecimento e a busca por status podem levar a atitudes como arrogância, dificuldade em ouvir críticas, resistência à mudança e a criação de um ambiente de competição excessiva, prejudicando o trabalho em equipe. Além disso, o EGO inflado pode gerar desconfiança e afastar as pessoas, dificultando a colaboração e a construção de redes de apoio.

Neste artigo, abordaremos quatro aspectos do EGO:

  • Como a filosofia aborda o EGO;
  • Como o EGO influencia as pessoas, ao serem contrariadas;
  • Como o EGO afeta as negociações
  • Como lidar com nosso EGO;
  • Como lidar com o EGO dos outros.

Iniciemos nossa jornada.

O EGO e a filosofia do Clube de Negociadores: uma relação tensa

A filosofia do negociador, proposta pelo Clube de Negociadores, é fortemente baseada no estoicismo, uma filosofia antiga que valoriza a virtude, a razão e o autocontrole, e que oferece uma perspectiva única sobre o ego. É importante notar que os estoicos não utilizavam o termo “ego” da mesma forma que o fazemos hoje. Eles não tinham uma teoria da personalidade tão desenvolvida como a que temos na psicologia moderna. No entanto, os conceitos estóicos sobre a natureza humana e as paixões humanas se alinham com o que hoje entendemos por ego. Os estoicos viam o ego, ou mais precisamente, o EGO inflado, como um obstáculo para a felicidade e a sabedoria.

O que é ego?

A palavra “ego” tem suas raízes no latim e significa “eu”. Ao longo dos séculos, seu significado evoluiu e se ramificou em diversas áreas, especialmente na filosofia e na psicologia.

Filósofos como René Descartes utilizaram o termo “ego” para explorar a natureza da consciência e a relação entre mente e corpo. Descartes, por exemplo, formulou a famosa frase “Penso, logo existo”, colocando o EGO como o ponto central da experiência consciente.

A psicologia, especialmente a psicanálise, aprofundou o conceito de ego, atribuindo a ele um papel central na dinâmica da personalidade.

Na teoria psicanalítica de Freud, o EGO é uma das três instâncias psíquicas, juntamente com o id e o superego. O EGO seria a parte da personalidade que busca equilibrar as demandas do id (princípio do prazer) e do superego (consciência moral) com as exigências da realidade. O EGO seria responsável pela tomada de decisões, pelo controle dos impulsos e pela adaptação ao mundo externo.

Atualmente, na linguagem cotidiana, o EGO se refere à imagem que criamos sobre nós mesmos. A expressão “ego” é usada para nos referirmos a uma forma de avaliação que a pessoa faz de si mesma de forma excessiva “Ele tem um EGO muito grande”. É utilizado nos casos em que a pessoa tende a ter uma crença pela qual se posiciona acima dos outros, de forma egocêntrica e arrogante.

Por que os estoicos eram tão críticos em relação ao ego?

Diversos conceitos da filosofia estóica fazem referência ao ego, como pneuma (força vital que animava todos os seres), pathē (paixões, como o medo, a raiva e o desejo) ou hegemonikon (parte racional da alma, responsável pela tomada de decisões). Adaptados às modernas teorias da personalidade, podemos dizer que esses conceitos apontam para os seguintes problemas relacionados ao ego:

  • O EGO como fonte de sofrimento: Os estoicos acreditavam que o sofrimento humano era frequentemente causado por desejos excessivos, orgulho, arrogância e apego a coisas externas. O EGO inflado, ao alimentar esses desejos, portanto, torna-se uma fonte de sofrimento.
  • A busca pela virtude: A virtude, para os estóicos, era o bem supremo. O ego, ao priorizar os próprios interesses e desejos, prejudica a busca pela virtude e por uma vida de compartilhamento, colaboratividade e de amor ao próximo.
  • A ilusão do controle: O EGO nos faz acreditar que temos mais controle sobre os eventos externos do que realmente temos. Essa ilusão gera frustração quando as coisas não saem como planejamos. Por isso algumas pessoas se irritam ao serem contrariadas.

A relação entre o ego e a irritação ao ser contrariado

A irritação que sentimos ao sermos contrariados – situação que ocorre frequentemente em negociações-, está profundamente ligada ao nosso ego. O ego, como a parte da nossa psique que busca a autoafirmação e a manutenção da própria imagem, reage com desconforto quando se sente desafiado ou ameaçado.

Vamos destrinchar essa relação:

  • O EGO como centro da identidade: O EGO é o núcleo da nossa identidade, a parte que nos faz sentir únicos e especiais. Quando alguém contradiz nossas ideias ou opiniões, isso pode ser interpretado como uma ameaça à nossa autoimagem, gerando irritação.
  • A necessidade de controle: O EGO busca um senso de controle sobre o ambiente e as situações. Ser contrariado significa perder esse controle, o que pode gerar frustração e irritação.
  • A busca por validação: O EGO anseia por reconhecimento e validação. Quando não somos compreendidos ou valorizados, a irritação pode surgir como uma forma de expressar nossa frustração por não estarmos sendo vistos da maneira que desejamos.
  • A defesa do ego: A irritação pode ser um mecanismo de defesa do ego, uma forma de proteger nossa autoimagem de ferimentos. Ao nos irritarmos, criamos uma barreira emocional que nos protege de sentimentos mais vulneráveis, como a insegurança ou a rejeição.

Fatores que influenciam a intensidade da irritação

Alguns fatores influenciam a intensidade da irritação quando somos contrariados, entre os quais podemos destacar:

  • Nível de autoestima: Pessoas com baixa autoestima tendem a reagir com mais intensidade quando são contrariadas, pois sentem uma maior necessidade de autoafirmação.
  • Personalidade e perfil para lidar com conflito: Algumas personalidades, como as mais impulsivas ou perfeccionistas, são mais propensas a se irritar em situações de conflito. Pessoas de perfil fortemente competitivo também tendem a se irritar quando contraridas, ou a migrar para o outro extremo, a evasividade, deixando de contribuir para a solução de um problema.
  • Contexto social: O contexto em que a contradição ocorre pode influenciar a intensidade da reação. Por exemplo, em situações de trabalho, a irritação pode ser mais controlada do que em situações mais íntimas, em que temos maior liberdade com a pessoa e não temos a ameaça de sofrer sanções profissionais.
  • Importância do assunto: A importância que atribuímos ao assunto em questão também influencia a intensidade da nossa reação. Quanto mais importante for o resultado do problema em que estamos envolvidos, maior a tendência de reagirmos de forma mais agressiva e intensa.
  • Expectativa: O mesmo raciocínio vale para as expectativas. Quanto mais altas forem as expectativas geradas em torno de um resultado, maior a frustração caso percebamos que esse resultado corre o risco de não ser alcançado.

A influência do ego nas negociações

A irritação ao sermos contrariados certamente influencia as negociações – uma forma muito comum de interação profissional-, mas o EGO também pode influenciar de diversas outras formas. Leia os sintomas a seguir relacionados e reflita se eles acompanham você ou se já percebeu se manifestarem em outras pessoas, com quem tinha que se relacionar:

  • Foco na própria posição: Indivíduos com EGO inflado tendem a estar mais preocupados em defender seus próprios pontos de vista do que em entender e considerar as perspectivas dos outros.
  • Intolerância a críticas: A irritação ao ser contrariado impede uma escuta aberta e receptiva. Qualquer divergência é vista como um ataque pessoal, dificultando a construção de um consenso.
  • Linguagem agressiva: A irritação pode levar a uma comunicação mais agressiva, com acusações, interrupções e generalizações.
  • Falta de empatia: A dificuldade em se colocar no lugar do outro impede a construção de uma comunicação mais assertiva e colaborativa.
  • Rigidez: Um EGO inflado muitas vezes está associado a uma visão rígida e inflexível sobre as coisas. Dificilmente se abre à possibilidade de encontrar soluções alternativas ou fazer concessões.
  • Aversão a riscos: A necessidade de sempre estar certo pode levar a uma aversão a riscos, dificultando a tomada de decisões que envolvam incertezas.
  • Desconfiança: A irritação constante pode gerar desconfiança e ressentimento nos outros, dificultando a construção de relações de confiança.
  • Quebra de parcerias: Em negociações mais complexas, a falta de flexibilidade e a comunicação agressiva podem levar à quebra de parcerias e à perda de oportunidades.
  • Acordos insatisfatórios: A busca incessante por “vencer” a negociação, em detrimento de encontrar soluções mutuamente benéficas, pode levar a acordos que não satisfazem nenhuma das partes.
  • Perda de oportunidades: A reputação de ser uma pessoa difícil de lidar pode afastar futuras oportunidades de negociação.

Como lidar com o meu ego?

Com base na Pscicologia e na filosofia estóica, apresentamos 10 princípios para trabalhar o EGO em uma negociação, de forma que ele se torne mais controlado e equilibrado:

1. Desenvolva o autoconhecimento: Tenha consciência de que o EGO influencia em suas relações pessoais e na geração de suas emoções. Aprofunde seu entendimento sobre seus próprios vícios, medos e motivações. Essa autoconsciência permite identificar e controlar as emoções que podem prejudicar sua atividade pessoal e profissional, como o orgulho e a impaciência, e direcionar o foco para as metas comuns.

2. Seja humilde: A humildade estoica reconhece as limitações humanas e a importância de aprender com os outros. Um negociador humilde está mais aberto a diferentes perspectivas, menos resistente a críticas e mais disposto a encontrar soluções colaborativas.

3. Pratique a escuta ativa: O estoico valoriza a escuta atenta e empática. Ao se concentrar nas palavras e nas emoções da outra parte, o negociador demonstra respeito e constrói um ambiente de confiança, facilitando a comunicação e a resolução de conflitos.

4. Evite comparações: A comparação constante com os outros gera insatisfação e alimenta o ego. O estoico busca a excelência pessoal, focando em seu próprio desenvolvimento e progresso. Ao evitar comparações, o negociador mantém uma perspectiva equilibrada e evita atitudes competitivas que podem prejudicar a negociação.

5. Cultive a empatia: A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreender suas perspectivas e emoções. Ao cultivar a empatia, o negociador constrói relacionamentos mais fortes e é capaz de identificar as necessidades e interesses da outra parte, facilitando a negociação.

6. Desenvolva a resiliência: O estoico entende que os desafios são parte da vida e os encara como oportunidades de crescimento. Ao desenvolver a resiliência, o negociador é capaz de lidar com as adversidades de forma mais eficaz, mantendo a calma e a determinação mesmo diante de obstáculos.

7. Pratique a gratidão e a positividade: A gratidão e a positividade são atitudes que cultivam a felicidade e a satisfação pessoal. Ao focar nas coisas boas da vida, o negociador mantém uma perspectiva positiva e é capaz de encontrar soluções criativas para os problemas.

8. Foque no crescimento pessoal: O estoico busca o autoaperfeiçoamento constante. Ao se dedicar ao desenvolvimento pessoal, o negociador amplia seus conhecimentos e habilidades, tornando-se um profissional mais completo e qualificado.

9. Seja autêntico: A autenticidade é a base da confiança. Ao ser autêntico, o negociador demonstra integridade e honestidade, construindo relacionamentos mais sólidos e duradouros.

10. Pratique a aceitação: A aceitação é a capacidade de aceitar as coisas como elas são, sem resistência. Ao aceitar as circunstâncias e as pessoas como elas são, o negociador reduz o sofrimento e aumenta sua capacidade de adaptação, facilitando a negociação.

Podemos perceber, portanto, que o EGO exarcebado é um obstáculo a ser superado, mas não podemos suprimi-lo totalmente, pois o EGO pode ser um fator motivacional, que nos impulsione a perseverar na conquista de objetivos. Ao praticar a virtude, a aceitação e o desapego, podemos equilibrar o EGO e alcançar uma vida mais feliz e plena.

Como lidar com o ego dos outros?

Nosso desafio não é somente controlar nosso EGO, mas também saber lidar com o EGO das outras pessoas. Negociar com alguém que possui um EGO inflado e se irrita facilmente pode ser um desafio, mas com as técnicas certas, é possível conduzir uma negociação produtiva. Aqui estão algumas dicas:

1. Reconheça e adapte-se ao estilo:

  • Observe o comportamento: Preste atenção nos sinais de irritação, como linguagem corporal, tom de voz e interrupções.
  • Adapte sua abordagem: Ajuste sua comunicação para um estilo mais direto e assertivo, mas sempre com respeito.

2. Enfatize os pontos em comum:

  • Crie um terreno comum: Destaque os objetivos e interesses que vocês compartilham. Isso ajuda a construir um senso de colaboração.
  • Evite confrontos diretos: Em vez de desafiar diretamente suas ideias, apresente sua perspectiva de forma indireta, como uma pergunta ou sugestão.

3. Use a linguagem colaborativa:

  • “Nós” em vez de “eu”: Utilize pronomes como “nós” e “nosso” para enfatizar um objetivo comum.
  • Elogie os pontos positivos: Reconheça as contribuições da outra pessoa para fortalecer o relacionamento.
  • Use perguntas abertas: Incentive a participação ativa da outra pessoa, fazendo perguntas que exijam mais do que um simples “sim” ou “não”.

4. Mantenha a calma e a paciência:

  • Respire fundo: A irritação é contagiosa. Mantenha a calma para não intensificar a situação.
  • Use o humor (com cuidado): Um toque de humor pode aliviar a tensão, mas evite brincadeiras que possam ser interpretadas como zombaria.

5. Ofereça opções e escolhas:

  • Empodere a outra pessoa: Ao oferecer opções, você dá à outra pessoa a sensação de controle e importância.
  • Mantenha o foco nos benefícios mútuos: Mostre como cada opção pode beneficiar ambas as partes.

6. Seja assertivo, mas respeitoso:

  • Expresse suas necessidades: Seja claro sobre o que você deseja, mas evite linguagem acusatória.
  • Use a técnica do “sanduíche”: Comece com um elogio, depois apresente sua crítica ou sugestão e finalize com outro elogio.

7. Saiba quando se retirar:

  • Reconheça os limites: Se a situação estiver se tornando muito tensa, pode ser melhor interromper a negociação e retomar mais tarde.
  • Procure um mediador: Em casos extremos, um mediador imparcial pode ajudar a resolver o impasse.

Lembre-se: O objetivo principal é chegar a um acordo que seja benéfico para ambas as partes. Ao entender o EGO inflado da outra pessoa e adaptar sua abordagem, você aumentará suas chances de sucesso.

Ferramentas práticas para lidar com o ego

Existem diferentes ferramentas práticas que se mostraram bastante úteis para lidar com o ego, como:

  • Meditação: A meditação ajuda a concentrar a mente, a reduzir a ansiedade e a aumentar a autoconsciência.
  • Journaling: Escrever sobre seus pensamentos e sentimentos pode ajudar a identificar padrões de pensamento negativos e a desafiar o ego.
  • Exercícios de gratidão: Ao focar nas coisas pelas quais somos gratos, diminuímos a importância que damos aos nossos próprios desejos e necessidades.

Esperamos que estas dicas tenham ajudado você a compreender o papel do EGO em sua vida profissional e nas relações pessoais. Se gostou, tem depoimentos ou mesmo críticas, deixe sua opnião nos comentários. Isso contribuirá enormemente para o desenvovimento de toda a comunidade.

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